terça-feira, 19 de maio de 2009

Nordeste







NORDESTE





Área
1.558.196km²(18,3% do território nacional)
Habitantes
52.191.238(29% da população nacional)
Estados
AlagoasBahiaCearáMaranhãoParaíbaPernambucoPiauíRio Grande do NorteSergipe
Clima
Variações de Tropical a Tropical Úmido (interior); Litoráneo Úmido (litoral)

O Nordeste brasileiro é uma região de grande apelo turístico: centenas de praias com águas translúcidas e mornas, e areias brancas quase sempre emolduradas por coqueiros, caracterizam toda a sua extensa costa litorânea – são 3.338 km! Além das praias, que permitem inspiradores vislumbres do paraíso, o folclore, o artesanato e a culinária local encantam os visitantes. Nove estados compartilham este paraíso tropical – Bahia (BA), Ceará (CE), Pernambuco (PE), Sergipe (SE), Alagoas (AL), Rio Grande do Norte (RN), Maranhão (MA), Paraíba (PB) e Piauí (PI).
O grande número de cidades à beira-mar, entre elas oito das nove capitais, contribui para o contínuo desenvolvimento do turismo – a boa infra-estrutura e as características climáticas e culturais favorecem a atividade turística durante todo o ano. Com uma área de 1,57 milhões de km² (18,26% do território nacional), e cerca de 48 milhões de habitantes, o Nordeste baseia sua economia na agricultura, na petroquímica e na exploração de petróleo, mas o turismo ganha cada vez maior relevância no contexto econômico regional.
Com exceção de Teresina (PI), as demais capitais da região situam-se à beira-mar: Salvador (BA), Fortaleza (CE), Recife (PE), Aracaju (SE), Maceió (AL), Natal (RN), São Luís (MA) e João Pessoa (PR). São cidades modernas e agradáveis, ligadas por uma identidade cultural comum e boa estrutura rodoviária e hoteleira, onde o patrimônio histórico, a beleza natural e a hospitalidade do povo atraem turistas de todos os cantos do mundo.
O Nordeste concentra alguns dos principais tesouros ecológicos brasileiros, como os arquipélagos de Fernando de Noronha (PE) e Abrolhos (BA), a Chapada Diamantina (BA), os Lençóis Maranhenses (MA) e o Delta do Parnaíba (PI). Ficam aqui, também, as praias mais badaladas e internacionais do Brasil, além de importantes centros históricos, com destaque para Salvador (BA), Olinda (PE) e São Luís (MA).
Saindo da extensa e paradisíaca planície litorânea em direção ao interior, o Nordeste tem uma grande área onde predomina um clima semi-árido e uma vegetação que perde as folhas para sobreviver a longos períodos de estiagem – é a Caatinga, que caracteriza os sertões da região. Todo o imaginário cultural do Nordeste está vinculado à dicotomia entre o litoral de natureza exuberante e o interior marcado pela seca. É nas cidades do interior que a cultura nordestina transparece com maior nitidez, especialmente no artesanato, na religiosidade e na expressão artística do povo sertanejo. As romarias de Padre Cícero, em Juazeiro do Norte (CE); a Feira de Caruaru (PE), e as festas juninas de Campina Grande (PB) são raras oportunidades para desvendar esta rica tradição, moldada na luta diária contra as inclemências do tempo e da vida.






Estados do Nordeste


ALAGOAS...

http://www.roteirosdobrasil.tur.br/estado_al.html

BAHIA...

http://www.roteirosdobrasil.tur.br/estado_ba.html

CEARÁ...

http://www.roteirosdobrasil.tur.br/estado_ce.html


MARANHÃO...

http://www.roteirosdobrasil.tur.br/estado_ma.html


PARAÍBA...

http://www.roteirosdobrasil.tur.br/estado_pb.html

PERNAMBUCO....

http://www.roteirosdobrasil.tur.br/estado_pe.html

PIAUÍ...

http://www.roteirosdobrasil.tur.br/estado_pi.html

RIO GRANDE DO NORTE...

http://www.roteirosdobrasil.tur.br/estado_rn.html

SERGIPE...

http://www.roteirosdobrasil.tur.br/estado_se.html

sábado, 16 de maio de 2009

Trava-língua


-Sabendo o que sei e sabendo o que sabes e o que não sabes e o que não sabemos, ambos saberemos se somos sábios, sabidos ou simplesmente saberemos se somos sabedores.

Fala, arara loura. A arara loura falará.

Pedro tem o peito preto, O peito de Pedro é preto; Quem disser que o peito de Pedro é preto, Tem o peito mais preto que o peito de Pedro.

A vaca malhada foi molhada por outra vaca molhada e malhada.

Um ninho de mafagafos, com cinco mafagafinhos, quem desmafagafizar os mafagafos, bom desmafagafizador será.

Há quatro quadros três e três quadros quatro. Sendo que quatro destes quadros são quadrados, um dos quadros quatro e três dos quadros três. Os três quadros que não são quadrados, são dois dos quadros quatro e um dos quadros três.

Chupa cana chupador de cana na cama chupa cana chuta cama cai no chão.

Pinga a pipa Dentro do prato Pia o pinto e mia o gato.

O rato roeu a roupa do rei de Roma.


Se o Arcebispo-Bispo de Constantinopla a quisesse desconstantinoplizar, não haveria desconstantinoplizador que a desconstantinopllizasse desconstantinoplizadoramente.

Atrás da pia tem um prato, um pinto e um gato. Pinga a pia, para o prato, pia o pinto e mia o gato.

A vida é uma sucessiva sucessão de sucessões que se sucedem sucessivamente, sem suceder o sucesso...

O Tempo perguntou pro tempo quanto tempo o tempo tem, o Tempo respondeu pro tempo que o tempo tem o tempo que o tempo tem.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

 Luiz Gonzaga - A Vida de Viajante

proverbios nordestinos

Folclore - O folclore do nordeste brasileiro encontrou uns do mais expressivo representante na obra do ceramista Mestre Vitalino. Ao morre em 1973, deixou uma grande herança artística dividida entre vários discípulos seus: Zé Caboclo e Zé Rodrigues, Manuel Edóxio e outros, que se destacam pela continuidade do estilo do mestre.
O QUE É... DITADO POPULAR OU PROVÉRBIOS

Máxima, breve, popular; adágio, anexim, ditado: Pequena comédia que tem por entrecho o desenvolvimento de um provérbio.
É máxima sentença, popularizada ou consagrada pelo uso, a qual é menos vulgar, que o adágio e de moral mais segura e severa. Pode ser de autor desconhecidos ou conhecidos como os do "Salomão"- "Até o insensato passará por sábio se estiver calado, e por inteligente se conservar os lábios fechados".

DITADOS POPULARES : DE ONDE SURGIRAM?

Ditado, como o próprio nome diz, é a expressão que através dos anos se mantém imutável, aplicando exemplos morais, filosóficos e religiosos.
Os provérbios e os ditados populares constituem uma parte importante de cada cultura.
Historiadores e escritores já tentaram descobrir a origem dos ditados populares, mas essa tarefa não é fácil.


"SANTINHA DO PAU OCO"

Expressão que se refere à pessoa que se faz de boazinha, mas não é. Nos século XVIII e XIX os contrabandistas de ouro em pó, moedas e pedras preciosas utilizavam estátuas de santos ocas por dentro. O santo era "recheado" com preciosidades roubadas e enviado para Portugal.

“NÉVOA BAIXA, SOL QUE RACHA"

Ditado muito falado no meio rural. A Climatologia o confirma. O fenômeno da névoa ocorre geralmente no final do inverno e começo do verão. Conhecida também como cerração, a névoa fica a baixa altitude pela manhã provocando um aumento rápido da temperatura para o período
da tarde.

"SEM EIRA NEM BEIRA"

Significa pessoas sem bens, sem posses. Eira é um terreno de terra batida ou cimento onde grãos ficam ao ar livre para secar. Beira é a beirada da eira. Quando uma eira não tem beira, o vento leva os grãos e o proprietário fica sem nada. Na região nordeste este ditado tem o mesmo significado mas outra explicação. Dizem que antigamente as casas das pessoas ricas tinham um telhado triplo: a eira, a beira e a tribeira como era chamada a parte mais alta do telhado. As pessoas mais pobres não tinham condições de fazer este telhado , então construíam somente a tribeira ficando assim "sem eira nem beira".
Abaixo uma coletânea, espero que vocês aproveitem bastante os nossos ditos, e se você quiser participar envie o seu, beijos GIOVANNA.

A
- Antes tarde que nunca.
- A fruta proibida é a mais apetecida
- A morte não escolhe idades
- A pensar morreu um burro
- A sorte de uns é o azar de outros
- A ambição cerra o coração
B
- Boi em terra alheia é vaca
- Boi sonso, chifrada certa
- Boi velho gosta de erva tenra
- Boca que apetece, coração padece
- Boca calda é ouro
C
- Cada cabeça uma sentença
- Chuva de São João, tira vinho e não dá pão.
- Casa roubada, trancas à porta
- Casarás e amansarás
- Caiu do cavalo
D
- Devagar se vai ao longe
- Dinheiro não traz felicidade
- Dinheiro não traz felicidade, mas ajuda
- Depois de fartos, não faltam pratos
- De noite todos os gatos são pardos



E
- Em casa de ferreiro, espeto de pau
- Enquanto há vida, há esperança
- Entre marido e mulher, não se mete a colher
- Em rio com piranha, jacaré nada de costas
- Em boca fechada não entra mosca


F
- Filha , pretendentes à porta
- Falar é prata, calar é ouro
- Filho de peixe, peixinho é
- Faz o que te digo e não o que faço
- Feliz no jogo, infeliz no amores


G
- Gente tola e touros: paredes altas
- Gaivotas em terra, tempestade no mar
- Guardado está o bocado para quem o há de comer
- Gaba-te cesta que vais à feira
- Galinha cedo procura o poleiro


H
- Homem prevenido vale por dois
- Há males que vem por bem
- Há remédio para tudo menos para a morte
- Homem pequenino malandro, velhaco ou dançarino



I
- Ir à lã e ser tosquiado
- Ignorante é aquele que sabe e se faz de tonto
- Importante é não dizer, não importa
- Impossível é, achar agulha no palheiro


J
- Jacaré que fica parado vira bolsa
- Julga o ladrão que todos o são
- Juntam-se as comadres, descobrem-se as verdades
- Junta-te aos bons, serás como eles, junta-te aos maus, serás pior do que eles


L
- Lobo com pele de cordeiro
- Ler e não entender é negligenciar
- Lua deitada, marinheiro de pé
- Lua nova trovejada, 30 dias é molhada
- Ladrão que rouba a ladrão, tem cem anos de perdão


M
- Mate dois coelhos com uma cajadada só
- Mais vale um pássaro na mão, do que dois voando
- Mais vale rico e com saúde do que pobre e doente
- Montou no porco
- Mal por mal, antes na cadeia do que no hospital

N
- Não há mal que sempre dure, nem bem que sempre se ature
- Não cortar a pata do burro por um único coice
- Não jogar pérola aos porcos
- Não se deve dar pérolas aos porcos
- Não chame o papagaio de meu louro


O
- O saber não ocupa lugar
- Onde canta galo não canta galinha
- Onde o galo canta canta, almoça e janta
- O que os olhos não vêem o coração não sente

P
- Para pé torto, só chinelo velho
- Para frente é que se anda
- Pau que nasce torto morre torto
- Pedra que rola não cria limo
- Para quem sabe ler, pingo é letra

Q
- Quando a esmola é grande o santo desconfia
- Quando o gato sai, os ratos fazem a festa
- Quem espera sempre alcança
- Quando um não quer, dois não discutem
- Quem tem telhados de vidro não atira pedras ao vizinho

R
- Rir é o melhor remédio
- Recordar é viver
- Roupa suja se lava em casa
- Roma e Pavia não se fez em um dia
- Rei morto, rei posto

S
- Se os "ses" fossem feijões, ninguém morria de fome
- São Mamede te levede, São Vicente te acrescente
- Se em terra entra a gaivota é porque o mar a enxota
- Se sabes o que eu sei, cala-te que eu me calarei
- Sol e chuva, casamento de viúva

T
- Trabalhar para aquecer, é melhor morrer de frio
- Trabalhando só pelos bens materiais construímos nós mesmos nossa prisão.
- Toda brincadeira tem sempre um pouco de verdade
- Tanto é ladrão o que vai à vinha como o que fica à porta.
- Tudo vale a pena quando a alma não é pequena

http://www.mulhervirtual.com.br/ditados.htm

FOLCLORE DO NORDESTE BRASILEIRO

FOLCLORE DO NORDESTE BRASILEIRO -->
Semira Adler Vainsencher
semiraadler@gmail.com
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco.



A palavra folclore (folk-lore) foi criada pelo arqueólogo inglês William John Thoms. Ele usou o vocábulo no dia 22 de agosto de 1846, pela primeira vez, em uma carta publicada no jornal The Athenaeum de Londres. Através da referida denominação, Thoms pretendeu englobar os estudos que vinham sendo chamados de Antiguidades Populares, Tradições Populares e Literatura Popular, e que possuíam, como principais características, a popularidade, a oralidade, o anonimato e a antiguidade.

Com o passar dos anos, o domínio do folk-lore foi se ampliando. Atualmente, o conceito compreende o estudo da cultura espontânea da sociedade, ou seja, tudo aquilo que as pessoas dizem, sentem e fazem. O folclore se tornou uma ciência sócio-cultural, por assim dizer. Tal ciência objetiva dar conta dos mitos, superstições, contos, fábulas, poesias populares, provérbios, culinária, arte, literatura popular, música, jogos e brincadeiras infantis, danças, entre tantos outros, ainda que seus elementos não sejam mais anônimos e/ou orais (como, por exemplo, a literatura de cordel).

Independentemente do grau de civilização, de cultura, de capacidade, de ingenuidade, ou até mesmo de barbárie, todas as sociedades desenvolvem hábitos e costumes próprios acerca do mundo e das coisas, ou, em outras palavras, possuem uma alma coletiva, algum tipo de sabedoria popular. Essa alma, projetada nas manifestações culturais, é um elo de ligação entre o microcosmo e o macrocosmo, exprimindo tanto as especificidades individuais quanto o material herdado pelo indivíduo através de sua família, de sua prole, de seu bando, de sua sociedade. Neste sentido, engloba aspectos psíquicos, históricos e antropológicos.

No Brasil, os estudos sobre folclore só atingiram um nível científico em 1913, quando o lingüista e historiador João Ribeiro realizou o Curso de Folclore na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. O folclore passou a representar, inclusive, uma área de suma relevância da antropologia cultural e, o dia 22 de agosto, mediante um decreto de 1965, foi instituído como o Dia do Folclore.

O Nordeste brasileiro - região produtora de açúcar, por excelência - não sofreu a influência marcante de outras culturas (salvo a portuguesa e a africana) como os estados do Sul e Sudeste do País. Tampouco os holandeses deixaram marcas profundas na região. Os nordestinos criaram hábitos e costumes sui generis, fruto da miscigenação de três populações: a européia (os portugueses), a africana (os escravos) e a ameríndia (os nativos locais). Essas três raças geraram a população nordestina e todas as suas raízes culturais.

É comum a associação de praias, jangadas, pescadores, coqueiros, cangaço, e/ou carros-de-boi ao Nordeste. O folclore regional, por sua vez, é muito rico e abrangente, incluindo, entre outros elementos, o artesanato, as superstições e crendices, a linguagem popular, a literatura de cordel, os cultos, os folguedos populares, a culinária, os brinquedos populares, as artes e técnicas, as festas tradicionais, as adivinhações, os pregões e os remédios populares.

Em se tratando de festas populares, no carnaval de Pernambuco podem ser apreciados os maracatus, caboclinhos, pastoris, à la ursas, clubes de frevo, entre outros elementos. O pastoril, um dos importantes folguedos nordestinos, é representado no período de 23 de dezembro a 6 de janeiro, e consta de bailados, danças, cantos, diálogos, recitativos (em louvor ao nascimento de Jesus), por parte de duas alas: as pastoras do cordão azul e as do cordão encarnado. Elas dançam e cantam:

Boa-noite, meus senhores todos,
Boa-noite, senhoras também;
Somos pastoras
Pastorinhas belas
Que alegremente
Vamos a Belém...


Tudo indica que o pastoril foi introduzido no século XVI por padres portugueses. Antigamente, ele era representado apenas junto das igrejas, com o objetivo de entreter aqueles que aguardavam a missa do galo. Hoje, pode-se apreciá-lo em praças públicas e palcos, onde as pastorinhas dançam, geralmente, ao som de um conjunto de pau-e-corda. Mas, em alguns Estados nordestinos, o acompanhamento inclui sanfonas e violões, além de um conjunto de sopro e percussão.

O maracatu é um outro folguedo nordestino, criado pelos negros que buscavam manter o rigor da nobreza, os símbolos do poder e os acessórios de uma realeza européia. Para tanto, associaram a força agregadora da unidade social e os preceitos religiosos. No Recife, a organização e o estabelecimento da prática do Reinado do Congo ocorreu em 1674, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Lá, foram realizadas eleições entre os escravos, a fim de escolher quem seria o rei e a rainha.

O maracatu, portanto, representa uma oportunidade de reviver momentos das relações de poder entre senhores e escravos. Nele, o complexo religioso do Xangô também se faz presente. Os grupos levam estandartes exuberantes, bordados com fios dourados sobre veludo e cetim, a nobreza com as suas coroas, espadas, cetros, capas, as damas da corte levando calungas, todos ao som de um conjunto de instrumentos de percussão. Somente a partir da abolição da escravatura, o maracatu passou a fazer parte do ciclo carnavalesco, resumindo-se ao desfile da corte real negra e obedecendo ao estilo das procissões católicas.

Apesar de serem tratados como pertencentes à "segunda categoria", vale destacar a beleza dos maracatus rurais, uma outra apresentação folclórica do carnaval oriunda dos municípios da zona canavieira de Pernambuco. Seus principais personagens são os lanceiros (ou caboclos de lança), os tuxaus, as baianas, um tirador de loas e a orquestra.

Os Caboclinhos, Cabocolinhos, ou Caboclos, representam um folguedo de origem indígena que se apresenta, durante a festa carnavalesca, nos Estados de Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Ceará. São uma espécie de reisado com bailados mímicos. Tem sua origem em danças executadas por crianças e adolescentes tupinambás do sexo masculino. Foi através desses bailados e brincadeiras que os missionários, no século XVI, conseguiram ganhar a confiança dos índios e, em especial, dos mais jovens. O fato está registrado no livro "Tratado da terra e gente do Brasil", escrito em 1584 pelo padre Fernão Cardim.

Como caboclinhos (filhos de caboclos ou descendentes de índios) participam meninos de 10 a 15 anos de idade. Eles usam tangas, cocares, braceletes de penas de peru, brincos (feitos de conchas, dentes ou sementes), colares, machadinha, arco-e-flecha, cocares de penas e pintam o corpo com ocre. O grupo possui, no máximo, vinte integrantes. Em som ritmado, todos acionam seus arcos-e-flechas de madeira e dançam ao som de instrumentos indígenas: maracás, reco-recos e pífanos. Quem comanda o grupo é o "caboclo velho", um adulto que é considerado o rei ou o mestre.

Os caboclinhos do Rio Grande do Norte, em particular, são bem diferentes: não usam penas em seu vestuário, seu bailado possui maior vibração e alegria, não utilizam o arco-e-flecha como instrumento de guerra, mas para dar ritmo às danças, e não restringem suas apresentações ao período de carnaval.

O bumba-meu-boi é uma das representações folclóricas mais importantes do Nordeste. Esse espetáculo deve ter sido introduzido, também, no século XVI, no período do ciclo econômico do gado. Segundo os estudiosos, apesar de não possuir uma origem africana, o bumba é um espetáculo de negros, onde eles se apresentam conformados com a sua inferioridade social e transformam a sua dor em comicidade.

A estória é bem simples: um certo homem branco, dono de um boi, vê um homem negro roubar-lhe o animal, com o objetivo de retirar sua língua. Por qual razão? Porque a sua esposa, que está grávida, deseja comer língua de boi. O boi morre ao ter sua língua retirada. Acontece que esse era o boi predileto do patrão. Então, um pajé tenta ressuscitar o animal morto.

Um aspecto a ser observado no bumba diz respeito à ausência de personagens do sexo feminino e à inferioridade com que a mulher é tratada: todas as figurantes são interpretadas por travestis. A única exceção é a pastorinha, representada por uma menina ou adolescente (porém, jamais uma mulher). No Maranhão, o folguedo se apresenta muito rico.

Além de certas modificações em sua coreografia, o folguedo possui nomes distintos nos estados: Boi-Calemba, no Rio Grande do Norte; Boi Surubi, no Ceará; Rancho-de-Boi, na Bahia; Bumba-meu-Boi em Pernambuco e Alagoas; e Cavalo-Marinho, na Paraíba.

Em Alagoas, por exemplo, percebe-se uma abertura de porta, como nos demais reisados, e um desfile de animais e personagens que dançam ao som da música característica cantada pelo coro. O primeiro a aparecer é a Burrinha e ela vem seguida do Cavalo-Marinho - uma armação como a do boi, porém comportando uma cabeça de cavalo pintada. Os outros personagens surgem sempre a dançar, tentando espantar os Mateus e a Catirina, bem como amedrontar as crianças ingênuas. Pode-se observar no espetáculo o Mané do Rosário, o Pantasma (Fantasma), o Morto-e-Vivo, o Foiará (Folharal), a Margarida, o Mandú, o Jaraguá, as Caiporinhas, as Sereias e o Pastor, a Sinhá Felipa - homem vestido de mulher com máscara - o Lobisomem, o Cego, o Doutor, entre outros. Uma das variações do Bumba-meu-boi é o Boi-Bumbá, representado no Amazonas.

No tocante às danças folclóricas, destaca-se o coco de roda: uma dança mestiça surgida em Alagoas, nos tempos coloniais, onde se misturam dois tipos de escravos: africanos e índios. O ritmo é dado por zabumbas, pandeiros e tamborins, mas as mãos representam o mais importante instrumento musical. O coco de roda era a dança preferida pelos cangaceiros de Lampião. Por isso, ainda se ouve cantar no Nordeste:

É Lampe, é Lampe, é Lampe,
é Lampe, é Lampe, é Lampião,
seu nome é Virgulino e
o apelido é Lampião.


Da mesma forma que o coco de roda, o reisado remonta ao período do Brasil-Colônia, ocorrendo nas festas de Natal e Reis. Seus personagens interpretam os próprios continuadores dos Reis Magos, vindos do Oriente para visitar o Deus Menino. Alguns figurantes do reisado são encontrados, também, no espetáculo do bumba-meu-boi: Mateus, o rei, a rainha, o mestre e o contramestre, o governador, o palhaço, o índio Peri, a sereia, entre outros.

No estado de Alagoas, os componentes dos reisados se apresentam com chapéus ricamente bordados e enfeitados com estrelas, fitas douradas e pequenos espelhos, que funcionam como amuletos para espantar os maus olhados, voltando-se contra quem os desejou. A coreografia é bem simples: os integrantes entabulam galopes, gingados e corrupios, pelas ruas e praças das cidades, enquanto os músicos tocam sanfonas, pandeiros, tambores e zabumbas.

Representando ao mesmo tempo uma dança e uma espécie de luta, a capoeira surgiu no Nordeste, trazida pelos escravos africanos. Difundiu-se muito depressa em Salvador, e um pouco no Recife e no Rio de Janeiro. A capoeira é dançada ao som do pandeiro, de cantos, do ritmo de palmas, e especialmente do berimbau.

Originário da África, esse instrumento compõe-se de um arco de madeira, com cerca de um metro e meio de comprimento, uma corda de metal, feita de arame, uma caixa de ressonância - uma cabaça cortada e amarrada com cordão -, uma cestinha contendo sementes de caxixi, uma vara pequena de madeira para percutir a corda, e uma moeda pesada. Feito um semicírculo, duas pessoas entram na roda e começam a lutar através de gingas, meneios de corpo, rasteiras, golpes e contragolpes rápidos. Há que se ter cuidado, no entanto: alguns golpes de capoeira podem levar à morte.

Dentre as principais festas e músicas folclóricas nordestinas, destaca-se a festa de São João ou o chamado ciclo junino. Nessa época do ano, dança-se bastante o forró, uma dança de pares cuja música foi consagrada pela saudosa dupla de compositores Luiz Gonzaga/José Dantas. Durante as festividades, as pessoas costumam se vestir com tecidos bastante coloridos, as chamadas roupas de matuto: as mulheres, vestindo saias largas, cheias de babados, calçadas com sapatos e meias, enfeitadas com grandes tranças no cabelo que terminam com laços de fita e, por cima, um chapéu de palha; e, os homens, vestindo calças remendadas, camisas coloridas, todos eles enfeitados com bigodes e cavanhaques pintados a carvão, carregando um cachimbo na boca, e também com um chapéu de palha na cabeça.

Essa festa ocorre na véspera do dia 24 de junho, ou seja, inicia-se no princípio da noite do dia 23. Durante o ciclo junino, as ruas são enfeitadas com bandeirinhas coloridas (coladas em uma linha e presas nos postes), faz-se os "casamentos de roça" e dança-se a quadrilha (uma animada dança de pares). Acende-se ainda uma fogueira, e todos comem comidas à base de milho (canjica, pamonha, munguzá) e/ou massa de mandioca (bolo Souza Leão, bolo pé-de-moleque), solta-se fogos e balões.

Sob o som constante do forró, o chefe da quadrilha dá os comandos principais da dança e os pares obedecem. É comum ver as pessoas assando milho verde nas fogueiras. Pouco depois de acabado o São João é comemorado o São Pedro, no dia 29 de junho. Durante todo o mês de junho realizam-se festejos nas cidades de Campina Grande (Paraíba) e Caruaru (Pernambuco).

De origem européia, o carnaval, sem dúvida alguma, representa a maior festa nordestina. Ao som do frevo, os blocos carnavalescos desfilam pelas ruas. No Rio de Janeiro e em São Paulo, onde as famosas escolas de samba se apresentam, não se ouve tocar e dançar o frevo: o samba é a música típica do carnaval.

Nas capitais e outras cidades do Nordeste do Brasil, nos últimos anos, comemora-se ainda o carnaval fora de época.

O cangaço e os cangaceiros - representados por Lampião, Maria Bonita (sua esposa), Silvino, Cabeleira, e outros - transformaram-se em temas e figuras folclóricas de destaque, presentes na música, no vestuário e no artesanato.

O Nordeste possui uma culinária rica e variada. Destacam-se os seguintes pratos: peixada, sirizada, quiabada, muqueca de peixe, pirão de peixe, casquinho de caranguejo, buchada, galinha de cabidela, entre outros. São tradicionais: o cavaquinho, o rolete de cana, a pipoca, o caldo de cana, a rapadura, o raspa-raspa, a umbuzada, o algodão doce, o queijo manteiga. A cozinha baiana merece destaque. Nas ruas de Salvador, negras vestidas de baianas vendem acarajés fritos no azeite de dendê e abarás.

A cozinha pernambucana também é deliciosa. Destacam-se nela: rabada, buchada, dobradinha, galinha à cabidela, quitutes à base de milho (canjica, pamonha, bolo de milho, munguzá, milho cozido e milho assado), compotas de frutas, sucos variados, tapiocas de coco e tapiocas molhadas (embrulhadas em folhas de bananeira), entre tantos outros. No Maranhão, alguns de seus pratos típicos são o arroz-de-cuxá, as frigideiras de camarão, os doces de buriti, bacuri, cupuaçu e murici. No Piauí, encontram-se: os peixes fritos em óleo de babaçu, a paçoca (feita de carne-de-sol assada, socada no pilão com farinha e cebolinha branca), e a cafofa (frito de tripas de criação). Já em Alagoas, além de inúmeras iguarias, pode-se apreciar o feijão de coco e a papa de feijão.

O artesanato nordestino é muito bonito e diversificado. Na região são produzidos diversos tipos de cerâmica (utilitária, decorativa e lúdica); redes e rendas; cestarias; xilogravuras; talhas e esculturas em madeira; trabalhos feitos em couro, pedras, mariscos, chifres, sementes, grãos, fibras, entre tantos outros.

Cabe registrar que a arte de fazer rendas é uma herança que o europeu deixou no Brasil. As noivas costumavam encomendá-las para o enxoval e, os padres, para os seus paramentos. Os pontos das rendas podem ser: carocinho de arroz, meia-lua, flor de goiabeira, traça, caracol, margarida, bico de pato. Como a confecção de rendas é uma atividade corrente no Nordeste, a mulher rendeira passou também a ser uma figura típica da região.

No folclore nordestino encontram-se presentes os poetas e trovadores. Mediante a proliferação das oficinas tipográficas, a famosa literatura de cordel (os folhetos populares), com as suas capas ilustradas com xilogravuras, é colocada à disposição do público.

Há que se destacar alguns importantes poetas populares: Catulo da Paixão Cearense (conhecido no País e no exterior), Leandro Gomes de Barros (um dos principais expoentes da arte cordelística brasileira), Antônio Gonçalves da Silva (apelidado Patativa do Assaré, que nasceu e viveu no município de Assaré, no Ceará), o pernambucano José Saturnino dos Santos (conhecido como Andorinha), os paraibanos Sebastião Marinho, Pedro Bandeira ("O Príncipe dos Poetas do Nordeste") e Zé Limeira (este último, de Taperoá), entre inúmeros talentosos profetas do verso e da viola.

Segue abaixo um exemplo dos versos desses poetas.

Do cordel para o repente
É diferente o traçado
Porque o cordel é escrito
E o repente é improvisado
O cordel tem de ser lido
E o repente cantado.
(Andorinha)
Repentista respeitado
Narra, canta e profetiza
Gera mito, cria lei
Forma lenda e faz pesquisa
Cantador faz tudo isso
Inda canta e improvisa.
(Sebastião Marinho)
O nordestino é quem bota
Esse São Paulo pra frente
Fez de Maluf prefeito
De Itamar presidente
Inda tem cabra safado
Que marginaliza a gente.
Vamos chegar a 2000
Com muitos descamisados
Na farsa dos presidentes
Na gula dos deputados
Nosso Brasil inda vive
De pés e mãos amarrados.
(Pedro Bandeira)


Cabe dizer, finalmente, que as distintas manifestações e elementos culturais tanto podem ser conservados em seu formato original, mantendo-se inalterados através do tempo, quanto podem ser modificados, renovados ou mesmo abandonados, por vezes desaparecendo para sempre.

Do acervo popular que representa o folclore fazem parte: os amoladores de tesouras e de facas, que anunciam os seus serviços pelas ruas; os vendedores de algodão-doce, cavaquinho, japonês, vassouras, cuscuz, colheres-de-pau; a culinária, o artesanato, os cantadores de viola, os maracatus, reisados e pastoris, enfim, tudo e todos que, sem qualquer intencionalidade, continuam mantendo os hábitos e costumes do Nordeste, preservando e enriquecendo a cultura popular dessa região do Brasil.


Recife, 24 de julho de 2003.

FONTES CONSULTADAS:


ARAÚJO, Alceu Mainard. Brasil, histórias, costumes e lendas. São Paulo: Editora Três, 1982. 2v.

ASSIS, Ângelo. A presença dos cordelistas e cantadores repentistas em São Paulo. São Paulo: Ibrasa, 1996.

BENJAMIN, Roberto. Folguedos e danças de Pernambuco. Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 1989.

BENJAMIN, Roberto. Folkcomunicação no contexto de massa. João Pessoa: Editora Universitária UFPB; Natal: Editora Universitária UFRN, 2001.

BORBA FILHO, Hermilo. Apresentação do bumba-meu-boi. Recife: Universidade de Pernambuco, Imprensa Universitária, 1967.

CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. São Paulo: Melhoramentos, 1979.

CÉSAR, Getúlio. Crendices, suas origens e classificação. Rio de Janeiro: MEC/Departamento de Assuntos Culturais, 1975.

COSTA, F. A. Pereira da. Folk-lore pernambucano. Recife: Arquivo Público Estadual, 1974.

GURGEL, Deífilo. Espaço e tempo do folclore potiguar. Natal: Prefeitura de Natal, Funcart (Profinc): Secretaria do 4o. Centenário, 1999.

MAXADO, Franklin. Cordel, xilogravura e ilustrações. Rio de Janeiro: Editora Codecri, 1982.

MELO, Veríssimo. Folclore brasileiro, Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro: MEC, Funarte, 1977.

RAMOS. Arthur. Estudos de folk-lore. Rio de Janeiro: Livraria-Editora da Casa do Estudante do Brasil, 1958.

RIBEIRO, João. O folclore. Rio de Janeiro: Organizações Simões, 1969. v. 1

ROCHA, José M. Tenório. Folclore brasileiro: Alagoas. Rio de Janeiro: MEC, Funarte, 1977.

SERAINE, Florival. Folclore brasileiro: Ceará. Rio de Janeiro: MEC, Funarte, 1978.

SOUTO MAIOR, Mário. Painel Folclórico do Nordeste. Recife: UFPE, Ed. Universitária, 1981.

VAINSENCHER, Semira Adler; LOSSIO, Rúbia. Resgatando o bumba-meu-boi. Recife: Fundação Joaquim Nabuco/Centro de Estudos Folclóricos Mário Souto Maior, 2003. (no prelo)

VALENTE, Waldemar. Pastoris do Recife antigo e outros ensaios. Organizado por Mário Souto Maior. Recife: 20-20 Comunicação e Editora, 1995.

______. Folclore brasileiro: Pernambuco. Rio de Janeiro: MEC, Funarte, 1979.

VASCONCELOS, Pedro Teixeira de. Andanças pelo folclore. Maceió: UFAL, Pró-Reitoria de Extensão, 1998.


(Texto atualizado em 5 de maio de 2008)



http://www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publicationCode=16&pageCode=303&textCode=981&date=currentDate

quarta-feira, 13 de maio de 2009

DANÇAS FOLCLÓRICAS BRASILEIRAS

http://www.youtube.com/watch?v=8AUFgtCNB9o&feature=related


DANÇAS FOLCLÓRICAS BRASILEIRAS
Entende-se por Danças Folclóricas as expressões populares desenvolvidas em conjunto ou individualmente, frequentemente sem sazonalidade obrigatória. Tudo indica que é na coreografia que reside seu elemento definidor. Existe grande número delas no Brasil. Para a organização do inventário que se segue, foi necessária uma seleção, aqui definida pelos critérios de abrangência nacional e por algumas particularidades, regionais e/ou locais.
Região Nordeste
· Cavalo Piancó (PI) – originária do município de Amarante, cavalheiros e damas, formando pares, compõem um círculo e dançam imitando o trote de um cavalo manco. O andamento musical varia entre apressado e moderado e a coreografia às marcações determinadas pela letra: trote apressado, trote requebrado, batidas de pés, galope saltitante etc. A letra pode ainda ser improvisada, o que influi na coreografia dos dançadores.
· Ciranda (PB, PE) – dança desenvolvida por homens, mulheres e crianças. Os dançarinos formam uma grande roda e dão passos para dentro e para fora do círculo, provocando ainda um deslocamento do mesmo no sentido anti-horário. A música é executada por um grupo denominado “terno”, colocado no centro da roda, tocando instrumentos de percussão – bumbo, tarol, caixa, ganzá – e de sopro – pistons e trombone. As canções, tiradas pelo mestre-cirandeiro e respondidas pelo coro dos demais, têm temáticas que refletem a experiência de vida.
· Coco (toda a região) – difundido por todo o Nordeste, o Coco é dança de roda ou de fileiras mistas, de conjunto, de par ou de solo individual. Há uma linha melódica cantada em solo pelo “tirador” ou “conquista”, com refrão respondido pelos dançadores. Um vigoroso sapateado denominado “tropel” ou “tropé” produz um ritmo que se ajusta àquele executado nos instrumentos musicais. O Coco apresenta variadas modalidades, conforme o texto poético, a coreogra-fia, o local e o instrumento de música. Os “Coco solto”, “Quadras”, “Embola-da”, “Coco de entrega”, “Coco de dez pés” são referidos pela métrica literária; os “Coco de ganzá”, “Coco de zambê”, pela música; os “Coco de praias”, “Coco de usina”, “Coco de sertão”, pelos locais; os “Coco de roda”, “Coco de parelhas ligadas”, “Coco solto”, “Coco de fila”, “De parelhas trocadas”, “De tropel repartido”, “Cavalo manco”, “Travessão”, “Sete e meio”, “Coco de visitas”, pela coreografia. A umbigada é presente em muitas variantes. No Rio Grande do Norte o Coco é chamado “Zambelô”, “Coco de zambê” e “Bamdelô”. Possui um instrumental mais complexo, constituído por atabaques, pequenos tambores, ganzá e afoxé ou maracá.
· Dança de S. Gonçalo (Al, BA, MA, PI, SE) – dança religiosa, organizada em pagamento de promessa devida a São Gonçalo. O promesseiro é quem organi-za a função, administrando todo o processo necessário à realização deste rit-ual. Em Sergipe essa dança é executada somente por homens. A única mulher presente não tem papel ativo. Este grupo é constituído por: “Patrão”, “Mari-posa”, “Tocadores”, “Dançadores”. Patrão e dançadores usam trajes especiais. O primeiro veste-se de marinheiro, por influência do mito; os demais usam indumentária que revela influência árabe: anáguas e longas saias floridas, blusa de renda branca cavada, xale colorido em diagonal no peito, turbante envolvido em fitas multicores, colares e pulseiras. A coreografia consta de uma série fixa de evoluções que se repete a cada jornada.
· Dança do Lelê (MA) – também conhecido pelos nomes de Péla ou Péla-porco, o Lelê é dançado em pares dispostos em filas lideradas pelos “cabeceiras” ou “mandantes”, “de cima” e “de baixo”. Esta dança compreende quatro partes distintas: “Chorado”, “Dança Grande”, “Talavera” e “Cajueiro”. Os instrumentos musicais são a rabeca, o pifano, castanholas artesanais, violão, cavaquinho e pandeiro. Os cantos, improvisados, são inspirados em acontecimentos do cotidiano. O Lelê é dança de salão sem dia nem mês específicos, embora possa ser organizada como dança votiva ou fazer parte da Festa do Divino e de outros santos populares.
· Espontão (RN, PB) – o nome deriva da meia-lança usada pelos sargentos de infantaria no século XVIII. É realizada por grupo de homens negros, cada um deles trazendo uma pequena lança com a qual desenvolvem uma coreografia que simula guerra. O chefe, denominado “Capitão da lança”, é o que leva a lança grande. percorrem as ruas ao som de tambores marciais; nas casas que visitam dançam agitando a lança e os espontões, realizando saltos de ataque, recuos de defesa, acenos guerreiros, numa improvisação que revela grande destreza nos movimentos. Não há cânticos mas acompanhamento rítmico produzido nos tambores marciais.
· Frevo (PE) - embora esteja praticamente em todo Nordeste, é em Pernambuco que o Frevo adquire expressão mais significativa. Dança individual que não distingue sexo, faixa etária, nível sócio-econômico, o frevo frequenta ruas e salões no carnaval pernambucano, arrastando multidões num delírio contagiante. As composições musicais são a alma da coreografia variada, complexa, acrobática. Dependendo da estruturação musical, os frevos podem ser canção, de bloco ou de rua. A coreografia recebe denominações específicas: “Chã-de-barriguinha”, “Saca-rolha”, “Parafuso”, “Tesoura”, “Dobradiça”, “Pontilhado”,“Pernada”, “Carossel”, “Coice-de-burro”, “Abanando o fogareiro”, “Caindo nas molas” etc.
· Maculelê (BA) – bailado guerreiro desenvolvido por homens, dançadores e cantadores, todos comandados por um mestre, denominado “macota”. Os par-ticipantes usam um bastão de madeira com cerca de 60 centímetros de com-primento. Os bastões são ba-tidos uns nos outros, em ritmo firme e compassado. Essas pancadas presidem toda a dança, funcionando como marcadoras do pulso musical. A banda que anima o grupo é composta por atabaques, pandeiros, às vezes violas de doze cordas. As cantigas são puxadas pelo “macota” e respondidas pelo coro.
· Pagode de Amarante (PI) – de origem africana, o Pagode de Amarante é desenvolvido com os dançadores formando duas fileiras de pares que se cruzam sem obedecer a marcações coreográficas estabelecidas. Cada par improvisa movimentos com rodopios, sapateado e ginga. A música é executada por dois cantadores e ritmada no “gafanhoto”: consta de um pedaço de pau oco medindo cerca de quinze centímetros de comprimento, batido com um pedaço de madeira, tocado por todos os homens que dançam.
· Tambor de Crioula (MA, PI) – dança das mais recorrentes no Maranhão, é caracterizada pela presença da umbigada, que recebe o nome de “punga”. Desenvolvida com os dançadores em formação circular, a coreografia é executada de forma individual e consta de sapateios e requebros voluptuosos, com todo o corpo, terminando com a “punga”, batida no abdômen de outro participante da roda. Os cantos são repetitivos, à semelhança de estribilho. O ritmo é executado em três tambores feitos de tronco, escavados a fogo. O tambor grande é chamado Socador; o médio, Crivador ou Meão; o pequeno, Pererenga ou Pirerê.
· Torém (CE) – dança de terreiro com participantes de ambos os sexos que se colocam em formação circular, com o dançador solista ao centro. Tocando o Aguaim – espécie de maracá – o solista executa movimentos de recuo e avanço, requebros, sapateios, saltos, além daqueles imitativos de serpente e lagarto, reveladores de destreza e plasticidade. Os demais participantes marcam o compasso musical com batidas de pés enquanto vão girando a roda no sentido anti-horário. A música, à capela, é cantada pelo solista e repetida pelo coro de dançadores. O “mocororó” – suco de caju fermentado – é distribuídofartamente durante todo o tempo da dança.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASCUDO, Luis da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. Rio de Janeiro: Ed. Melhoramentos, 1976, 4ªed.DANTAS, Beatriz Góes. A Dança de São Gonçalo – Cadernos de Folclore nº 9. Rio de Janeiro: Funarte/MEC,1976.FERRETTI, Sérgio F. (Coord.). A Dança de Lelê. São Luis: Fund. Cultural do Maranhão, 1977.FRADE, Cáscia. Folclore Brasileiro – Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1979.____________. (Coord.). Cantos do Folclore Fluminense. Rio de Janeiro: Presença Ed., 1986.LACERDA, Regina. Folclore Brasileiro – Goiás. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1977.MARTINS, Saul. Folclore Brasileiro – Minas Gerais. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1982.MELLO, Veríssimo de. Folclore Brasileiro – Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1977.MENDES, Noé. Folclore Brasileiro – Piauí. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1977.MONTEIRO, Mário Ypiranga. Livronal. Manaus: Jorge Tufic Ed., sem data.NEVES, Guilherme Santos. Folflore Brasileiro – Espírito Santo. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1978.ROCHA, José Maria Tenório. Folclore Brasileiro – Alagoas.Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1977.RODERJAN, Rosely V. R. Folclore Brasileiro – Paraná. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1981.SERRAINE, Florival. Folclore Brasileiro – Ceará. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1978.SOARES, Doralécio. Folclore Brasileiro – Santa Catarina. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1979.VALENTE, Valdemar. Folclore Brasileiro – Pernambuco. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1979.VIANNA, Hildegardes. Folclore Brasileiro – Bahia. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1981.VIEIRA FILHO, Domingos. Folclore Brasileiro – Maranhão. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1977.


http://nelibelnicenatariva-neli.blogspot.com/2009/05/dancas-folcloricas-brasileiras-entende.html

PARLENDAS e TRAVA-LÍNGUAS

PARLENDAS e TRAVA-LÍNGUAS


PARLENDAS e TRAVA-LÍNGUAS fazem parte das manifestações orais da
cultura popular.São elementos do folclore brasileiro, assim como as lendas, os acalantos, as adivinhas e os contos.


PARLENDA [ou parlanda ou parlenga] tem origem em "parolar", "parlar", que
significam "falar muito", "tagarelar", "conversar bobagens", "conversar sem
compromisso". Falatório, palavreado, declamação infantil.

Em Portugal é chamada de "cantilena", "lengalenga", embora esses nomes também signifiquem "narração monótona, cantiga enfadonha, ladainha".

É um conjunto de palavras com pouco ou nenhum nexo e importância, de caráter lúdico, muito usadas em rimas infantis, em versos curtos, ritmo fácil, com a função de divertir, ajudar na memorização, compor uma brincadeira. Pode ser destinada à fixação de números, dias da semana, cores,dentre outros
assuntos.
Exemplos:

"Jacaré foi ao mercado
não sabia o que comprar
comprou uma cadeirinha
para comadre se sentar
A comadre se sentou
A cadeira esborrachou
Jacaré chorou, chorou
O dinheiro que gastou";

"Dedo Mindinho
Seu vizinho,
Maior de todos
Fura-bolos
Cata-piolhos.";

""Hoje é Domingo,
pede cachimbo
O cachimbo é de ouro,
Bate no touro,
O touro é valente,
Bate na gente,
A gente é fraco,
Cai no buraco,
O buraco é fundo,
acabou-se o mundo.";

"Um, dois, feijão com arroz
Três, quatro, feijão no prato
Cinco, seis, falar inglês
Sete, oito, comer biscoito
Nove, dez, comer pastéis";

"Cadê o toucinho que estava aqui?
- O rato comeu.
Cadê o rato?
- O gato comeu.
Cadê o gato?
- Fugiu pro mato.
Cadê o mato?
O fogo queimou.
- Cadê o fogo?
- A água apagou.
Cadê a água?
- O boi bebeu.
- Cadê o boi?
- Está moendo trigo.
Cadê o trigo?
- O padre comeu.
Cadê o padre?
- Está rezando missa.
Cadê a missa?
- A missa acabou.";


http://recantodasletras.uol.com.br/teorialiteraria/218592